Como tudo começou

No ano de 1975 meu irmão Glaimir alugou uma Kombi com seus amigos e me levou junto para um passeio de 3 dias que me deu o sentido da vida…

Fomos para o Festival de Iacanga.Se alguma dúvida eu tinha até aquele momento, tudo desapareceu e me abriu as portas para a vida de músico.

Com as serenatas em casa no final de semana, fui curtindo as primeiras alegrias de tocar e de deixar as pessoas felizes. Logo começaram as primeiras bandas de garagem e os sonhos começaram a pedir passagem…

Com meus amigos Milton Edberto, Mônica, Serginho Sanches, Flavio D’Laqua, Otoniel e todos que faziam parte dos grupos, começamos a tocar e participar de festivais de música.

A magia foi tomando conta de cada momento da vida e o pensamento se tornou mais forte que tudo. Quando conheci o Eduardo Montagnari (Tatu), um cara que já havia rodado o mundo com o teatro, cinema, que já convivia com o Zé Celso começando o teatro Oficina em Araraquara.

Com ele aprendi o que era a estética, a poesia, o conteúdo, a música do passado e a do presente. Logo formamos um trio, Mônica, Tatu e eu, e por sorte se juntou a nós um poeta, fotografo que ajudou a trazer luz e imagem para aquele momento da vida…formamos o Vapor Barato.

Foto antiga em branco e preto onde Ney Marques e amigos músicos tocam num palco no centro de São Paulo

Aí foram chegando amigos e completando o grupo. Celsinho na flauta, Carlinhos na batera, Nelson Presbiteres no baixo e Peninha. Cada um trouxe uma formação musical, as canções surgiram e fomos para o estúdio gravar nosso primeiro Vinil, no estúdio Eldorado.

Com a frase que Tatu criou em 60 e 70 no mesmo palco de 80, encerrei a primeira fase da minha vida.

Já nos anos 80 tudo começou acontecer: o rock, o pop, o underground paulista, os movimentos da Paulicéia desvairada.

Ney Marques muito jovem tocando bandolim

O grupo Urubu Bacana, o Trio Elétrico “No bico da Chaleira”, nome dado pelo Sr. Wilson Luís, até hoje nos reunimos para tocar no carnaval. Klebi Nori, Fortune, Maricene Costa, Regina Machado .Uma figura importante que até hoje tocamos e compomos juntos é o “Italo Peron”.Com essa dupla tocamos de barzinhos a festivais de Jazz e fomos fazendo amigos pela estrada da música.

A terceira e definitiva fase da minha começou quando Evlyn e eu fomos ao Masp assistir ao show de Luli e Lucina. Saímos de lá com a alma lavada, naquele palco estava tudo que eu sonhara para minha vida. A música, a liberdade de viver, fazer e tocar o que sentimos. Elas não saíam da minha cabeça, não tinha nem idéia de como chegar perto delas.

Imagem antiga em preto e brando: Ney Marques e mais e jovens músicos de pé, com fones de ouvido gravando num estúdio

A vida é engraçada você pensa, sonha e deixa o universo conspirar para tudo acontecer. Fui tocar num festival no interior de São Paulo e pela primeira vez pude chegar perto delas e conversar.

Daquele dia em diante nunca mais nos largamos, com todos os percalços da vida, sempre encontramos um momento ou motivo para estarmos juntos, tocar, gravar com aquela mesma paixão com que saí do Masp aquele dia. Essas duas bruxinhas me arremessaram para o mundo. Escancararam a porta da vida de vez.